domingo, 30 de novembro de 2014

A Alimentação dos Brasileiros

Nesta postagem, discutiremos sobre a alimentação dos brasileiros com base em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre maio de 2008 e maio de 2009, por meio da qual foram descritas as características da alimentação brasileira com base em análises da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
A POF 2008-2009 estudou com detalhes a alimentação de uma amostra de mais de 30 mil brasileiros com dez ou mais anos de idade e representativa de todas as regiões do País, de suas áreas urbanas e rurais e dos vários estratos socioeconômicos da população. Para o estudo, foram registrados cuidadosamente todos os alimentos que esses brasileiros consumiram durante dois dias da semana, em casa ou fora de casa.
Embora pesquisas anteriores do IBGE indicassem forte tendência de elevação do consumo de alimentos ultraprocessados, a POF 2008-2009 mostrou que alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias feitas com esses alimentos ainda correspondem a quase dois terços da alimentação dos brasileiros.
Arroz e feijão equivalem a quase um quarto da alimentação. Em seguida, aparecem carnes de gado ou de porco (carnes vermelhas), carne de frango, leite, raízes e tubérculos (em especial, mandioca e batata), frutas, peixes, legumes e verduras e ovos.
Dentre os alimentos processados ou ultraprocessados, os considerados mais calóricos são pães e sanduíches, bolos industriais, biscoitos doces e guloseimas em geral, refrigerantes, “salgadinhos de pacote”, bebidas lácteas, salsichas e outros embutidos e queijos.
Análises da pesquisa citada mostram que os alimentos in natura ou minimamente processados e suas preparações culinárias apresentam composição nutricional muito superior à do conjunto de alimentos processados ou ultraprocessados. A vantagem dos alimentos in natura ou minimamente processados é ainda mais evidente com relação a nutrientes cujo teor na alimentação brasileira, segundo critérios da Organização Mundial da Saúde, é considerado insuficiente, como no caso de fibras e alguns minerais e vitaminas, ou excessivo, como no caso do açúcar ou de gorduras não saudáveis (gorduras saturadas e gorduras trans).
A POF 2008-2009 mostrou também que um quinto da população brasileira (ou cerca de 40 milhões de pessoas, considerando todas as idades) ainda baseia sua alimentação largamente em alimentos in natura ou minimamente processados. Tais alimentos e suas preparações culinárias chegam a um valor de 85% ou mais do total das calorias que consomem no dia. Analisando a mesma pesquisa percebe-se que a alimentação desses brasileiros se aproxima das recomendações internacionais da Organização Mundial da Saúde para o consumo de proteína, de gorduras (vários tipos), de açúcar e de fibras e que o seu teor em vitaminas e minerais é, na maioria dos casos, bastante superior ao teor médio observado no Brasil.
Apoiado nesses resultados, percebemos que com apenas algumas poucas mudanças no consumo desses brasileiros que baseiam sua alimentação em alimentos in natura ou minimamente processados, como o aumento na ingestão de legumes e verduras e a redução no consumo de carnes vermelhas, poderíamos tornar o perfil nutricional de sua alimentação praticamente ideal.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira.pdf Acesso em: 09/11/2014.

Fonte da Imagem: http://papodoce.com/wp-content/uploads/2013/10/foto-3.png

7 comentários:

  1. As alterações no perfil alimentar dos brasileiros têm ligação com as transformações econômicas, sociais e demográficas que aconteceram no País nas últimas décadas. Em um Brasil mais urbano e com grandes exigências de cumprimento das jornadas profissionais, as pessoas dispõem de menos tempo para realizar suas refeições. A mesma industrialização que encurtou ou acabou com o horário para o almoço caseiro trouxe uma nova concepção de gêneros alimentícios. A modernização favoreceu o aumento do comércio de alimentos industrializados. Esses produtos são de fácil acesso e têm seu consumo incentivado pela mídia.Em média, o brasileiro destina quase um quarto das despesas com comida e alimentação na rua. As pessoas do meio urbano são as que mais se alimentam fora do lar. Elas destinam em média 24% dos gastos com alimentação para essa finalidade. Já a população rural não usa mais do que 13% para comer fora. Quando se comparam os hábitos alimentares de quem vive na cidade e de quem vive no campo, há outros dados expressivos. A população urbana gasta pouco mais do que 10% com cereais e leguminosas, enquanto a população rural destina em torno de 16,9% para esses produtos. Entretanto, uma grande parcela da população brasileira ainda mantém na dieta alimentos in natura e menos processados, tendo hábitos mais saudáveis. Uma parte desse resultado provem do habito de alimentar da junção do arroz com feijão, que juntos contem todos aminoácidos necessários ao corpo e é uma via mais saudável ao corpo que os alimentos industrializados.

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  2. A alimentação do brasileiro nos dias atuais é decorrência da mudança de estilo de vida e da evolução industrial. Nas décadas de 60 e 80 houve um crescimento rápido e desordenado da população rural para a cidade. Isso acarretou longas distâncias entre o trabalho e a moradia e então começou a se optar pela refeição “fora do lar”, em cantinas, lanchonetes. Esta alimentação também desvinculou a cultura da família sentar junto à mesa, o que acarretou mudanças de horários, hábitos alimentares, tempo para as refeições e a aumentou a comercialização de diversas opções rápidas e práticas de alimentos. Desta forma, a alimentação caracterizada como fast food passa a fazer parte da vida do brasileiro dentro e fora do lar. A aquisição de produtos congelados prontos, alimentos pré-cozidos, pré-temperados fazem parte da lista de compras. Ainda a rede de indústria e comércio aproveita este novo padrão de brasileiro para sempre oferecer novos produtos muitas vezes ricos em gordura, açúcares, aditivos, mas pobres em vitaminas e sais minerais. este tipo de alimentação favorece o aparecimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), tais como: diabetes Mellitus, obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e câncer. Em 31 de março comemora-se o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, data importante para refletir e avaliar como vai a alimentação. Uma pesquisa divulgada anualmente pelo Ministério da Saúde apontou que, em 2013, apenas 22,7% da população brasileira consomia a quantidade diária de frutas, legumes e verduras recomendada pela Organização Mundial de Saúde: cinco porções ou 400 gramas. Esse dado aliado às facilidades do dia a dia – era do carro, do controle remoto, da internet e da comida pronta industrializada – e ao crescimento do sedentarismo tem contribuído para o aumento da obesidade, transformando-a em epidemia mundial.

    Fonte: http://www.deliciadereceita.com.br/nutricao/artigo-10.html
    http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--178-20140327

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  3. A POF 2008-2009 serviu para acabar com a crença de que os alimentos industrializados estavam tomando de conta da alimentação das pessoas. Ela mostrou que os alimentos naturais ainda representam 2/3 da alimentação diária das pessoas, em detrimento ao 1/3 representado pelas comidas processadas. Isso apresenta vantagens para a saúde dos brasileiros, em vista que os alimentos in natura são ricos em nutrientes considerados escassos na alimentação das pessoas, como fibras e proteínas e o consumo diminuído de alimentos industrializados, que são ricos em gorduras e carboidratos leva à uma melhora de saúde pois diminui os ricos de as pessoas contraírem alguma doença crônica (como diabetes ou problemas cardiovasculares) em virtude da ingestão desse tipo de alimento.

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  4. Segundo o estudo sobre a Análise de Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, a dieta de 90% dos brasileiros, composta prioritariamente por arroz e feijão, associados a alimentos calóricos e de baixo teor nutritivo, está fora do padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no que diz respeito ao consumo de frutas, verduras e legumes. De acordo com o IBGE, a OMS e o Guia Alimentar Brasileiro sugerem o consumo de 400 g de frutas, legumes e verduras por dia. Nem 10% da população ingere o indicado. As maiores médias de consumo diário per capita no país são de feijão (182,9 g/dia), arroz (160,3 g/dia), carne bovina (63,2 g/dia), sucos (145,0 g/dia), refrigerantes (94,7 g/dia) e café (215,1 g/dia). Além disso, o estudo indica uma relação entre as condições de alimentação e a renda familiar per capita do brasileiro. De acordo com o levantamento, alimentos considerados saudáveis como o feijão, preparações à base de feijão, milho e preparações à base de milho são mais consumidos entre a população de menor renda. O mesmo acontece com o consumo médio de batata-doce, enquanto a batata frita, por exemplo, considerada altamente calórica, é mais consumida na classe de maior renda. O consumo de doces, refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados, considerados prejudiciais à saúde, também é reduzido na menor categoria de renda do brasileiro. Por outro lado, o consumo de frutas e verduras aumenta conforme a renda, assim como o de leite desnatado e os derivados de leite, que têm custo mais elevado. Assim, constata-se que essa mudança do padrão alimentar é uma cosequência dos novos modos de vida da sociedade, baseado, frequentemente, em rotinas de stress diário, em que o mercado de trabalho exige uma dedicação cada vez mais intensa por parte de muitas pessoas por exemplo, fazendo com que muitas vezes o tempo para uma alimentação saudável torne-se uma barreira intransponível, mediante ao tempo cada vez mais curto para realizar o mesmo, fazendo com que muitas pessoas optem por alimentações ‘’ mais rápidas’’ e bem menos saudáveis do ponto de vista de seus conteúdos nutricionais.

    Referència: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/07/dieta-do-brasileiro-tem-poucos-nutrientes-e-muitas-calorias-diz-ibge.html

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  5. Muito se tem falado aqui de tendência crescente de acometidos por agravos como obesidade, diabetes, doenças coronários, cerebrovasculares que estão associadas ao sedentarismo, mas também à obesidade. A obesidade está se tornando endêmica, e isso têm relação direta com o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, hipercalóricos e poucos nutritivos. Apesar da postagem mostrar que o consumo de alimentos in natura ainda terem uma boa parcela de adeptos, as novas gerações estão fadadas aos alimentos formatados pelas indústrias. Vou aqui citar mais uma vez o documentário " Muito além do peso", mostrando que algumas crianças não conheciam frutas corriqueiras, enquanto compartilhavam dos mesmos medicamentos usados pelos avós. É preciso uma política de educação alimentar, sob pena de pagarmos muito caro.

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  6. O brasileiro, culturalmente tem como principais alimentos do cotidiano a mistura de arroz e feijão. Essa dupla tem completo valor nutricional. Porém o abuso do açúcar está no cotidiano dos 61% da população que ultrapassam a recomendação de ter nesse item a fonte de no máximo 10% da ingestão calórica total diária. A média brasileira é 14%. Esse limite é ultrapassado pela média de todas as faixas etárias. No caso dos adolescentes de 10 a 13 anos, o açúcar chega a representar 21,3% do consumo calórico total. Por outro lado, são eles os que menos consomem salada crua: 8,8 gramas por dia contra 16,4 gramas dos adultos e 15,4 gramas dos idosos.Essa alta inadequação do brasileiro em relação ao açúcar pode ser expressa na grande ingestão de refrigerantes e sucos e refrescos em pó. Os brasileiros bebem, em média, 94,7 ml de refrigerantes por dia.

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  7. De acordo com o novo Guia Alimentar e Nutricional da população brasileira, o mais recomendado é a ingestão de alimentos com o mínimo de processamento possível, gerando uma menor perda dos nutrientes e micronutrientes presentes. Contudo, como é possível observar no post, muitas vezes é feita a opção dos alimentos industrializados, tanto devido ao cotidiano mais corrido, quanto ao próprio valor dos alimentos, onde muitas vezes o industrializado sai bem mais barato (vale o exemplo do suco da fruta e o suco em pó). Logo, é necessária uma reeducação alimentar para os brasileiros, de modo a valorizar mais a alimentação em natura da própria região, e assim melhorar a qualidade nutricional do que é ingerido.

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